sexta-feira, 7 de maio de 2010

MEMÓRIAS DO JOVEM KAL-EL: ERA EU E MAIS QUATRO OU O DIA EM QUE VI MINHA VÓ PELA GRETA.

Éramos cinco... ou melhor: era eu e mais quatro. Foi numa tarde memorável há, mais ou menos, trinta e cinco anos... O ocorrido deu-se na quadra poliesportiva da Associação esportiva raul-soarense. A assistência lotava todo o entorno da quadra.
Semifinal da eliminatória de acesso aos jogos da tradicional Olimpíada de Raul Soares.
Travava um sensacional duelo a equipe da União Estudantil versus o gigante Sertac (time de um escritório de contabilidade) e da qual tive a honra de fazer parte daquele quadro.
A equipe, que eu então abrilhantara, não era lá um time muito técnico, no entanto possuía o tino para sacudir as redes adversárias. Jogávamos com virilidade, contudo, tínhamos extremado zelo pelas canelas opositoras.
Enfim, não éramos botineiros. Constavam da “ Lista de Biguá ” naquela época alguns nomes que atuaram naquela tarde, como: Jairo contador ( dono do time e, portanto, dono da bola); Geraldo Tancredo, o rompendor; Maurício Bom-Cabelo e Rola, sensacional dupla de zagueiros “passa-o-rodo”; Ivan (irmão do Neureni pé-de-pano), goleiro titular e esse humilde “beletrista” de alcunha Itamar Sócrates, afamado “ gooalkeeper”( como se diz na terra berço do futebol) ou, segundo os nossos patrícios, “guarda-redes”.
A União Estudantil era na verdade uma seleção de craques tais como: Paulim Gástrica, Silvim Paca, Paulim Telvino, Totone Sete e (Ihhhhhhh!!!!!) Romero do Silvio Nogueira, o terror do futebol do campo e de salão.
E foi justamente esse “animal impiedoso” que obrigou-me à pendurar o kichute.
Acontecia que, naquela trágica tarde, eu fazia parte do banco de substituição e, por infelicidade, o Ivan, já todo “ranhado” e la nhado de se atirar ao chão e de fazer pontes mirabolantes na busca de salvaguadar, à todo custo, as redes da nossa equipe... Eis que nos sucede o pior... não é que o “filho de uma boa senhora” me faz a gentileza de se contundir... ihhhh!!!!
Mal tive tempo de me aquecer e lá já estava eu debaixo dos três paus.
Madeira de dar em doido o tal Romero fitou-me com olhos sanguinários de touro flertando “El Cordobez”.
“ Cê besta, sô! ”, eu sei que teria que honrar as calças e, tal e qual o venerável Mercúrio, deus das nossas cores contabilistas, mas, no entanto, eu que não faço conta de cabeça ( fora, mentes poluídas de consciências dormidas e palavras emperradas...), aos vinte do segundo tempo, o Paulim Telvino lançou, lá na esquerda, aquela pelota redondinha, na medida pru “inguinorante” do Romero e ele veio, que veio; calção largo, só se ouvia o xulepe-xulepe do sacolejar dos documentos dele. Eu com a taquicardia muntada em cima, perdi o jogo das pernas, “regalei os zóios” e, exímio que era na arte da técnica do golpe-de-vista, assim fiz, quando aquela maldita bola envenenada rancando lasca da trave, estufou, arrebentando o encardido filó remendado. Daí minha vista escureceu e logo dei jeito de forjar acesso. Babei. Melei o jogo. Triste memória ocorreu-me nesse vinte e seis de abril, dia consagrado aos goleiros.
Daquela época resta apenas um dolorido retrato na parede onde se vê, em pé, da esquerda para a direita, na seguinte ordem:
João Eugênio, Jaime Rossetti, Elmo, Roldão, Benício, Walter, Cassiano, Zé Dutrinha, Itamar Sócrates, Paulim Fidélis, Luizim Paschoal, João Muranga, Ivan, Zé Carlos Mateus, Geraldim Comodoro, Eraldo, Julio Gantuso, Itamar Pedra, Sinfronim, Benjamin, Cláudio Jabuti, Afonso Pacheco, Taruga, Cláudio Espoleta, Celito, Zé Geraldo Fioravante, Zé Maria Tibiriçá e.....
E chorei. Chorei “mais angustiado que o goleiro na hora do gol”!

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